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Dentre os inúmeros sentimentos humanos, o desejo é, com certeza, um dos mais intensos. Ele está presente todos os dias na nossa vida e, praticamente, a todo momento. Desde quando acordamos ele se manifesta a partir do sono, da vontade de querer dormir e descansar um pouco mais. Mas não para por aí.

Diariamente sentimos o desejo de comer, de ter mais dinheiro e bens, de ter relacionamentos e de ser elogiado e bem visto pelas pessoas. Em quaisquer desses casos, quando não possuímos, desejamos ter. Se já temos, queremos mais ainda. Essa é a essência do desejo humano.

Se observarmos essa questão por uma perspectiva mais profunda, perceberemos que existe uma grande contradição: o ser humano, independente de países ou época, tenta satisfazer um desejo ilimitado com uma vida limitada e finita. Afinal, não viveremos eternamente. Por mais que a expectativa de vida média tenha aumentado, ainda assim continuamos sendo mortais.

🤨 Será possivel ser realmente feliz buscando satisfazer um desejo ilimitado com uma vida limitada?

🌈 Uma história muito interessante de Liev Tolstói (1828-1910), famoso escritor russo, discute essa questão e ensina que “a cobiça mata a todos”, segundo escreve no conto abaixo o Prof. Kentetsu Takamori, autor do livro “Porque vivemos”.

Havia um camponês que ambicionava muitas terras e ouviu falar de um país tão vasto que, para possuir terras lá, bastava pedir. Ele foi até esse país e descobriu que era verdade. Os habitantes e o governante, todos lhe deram as boas-vindas.

O governante disse ao camponês que ele podia tomar posse de quantas terras quisesse: tantas quanto pudesse percorrer a pé num único dia. “Só existe uma condição”, acrescentou ele. “O senhor tem de partir ao nascer do sol e voltar ao ponto de partida antes do pôr do sol. Comece onde quiser e vá marcando os cantos. Percorra a distância que quiser, mas volte a tempo, senão não ganhará nada”.

Naquela noite, o camponês ficou acordado, entusiasmado com a ideia das vastas terras à sua espera. De manhã, ele partiu assim que o dia começou a nascer e logo encontrou um ponto de partida para sua terra. Aos poucos, foi acelerando o passo.

Depois de avançar muitos quilômetros, marcou outro canto. Por fim, rompeu numa corrida, impulsionado pela ideia de que, quanto mais depressa fosse, mais terras possuiria. Chegou a um ponto que julgou um local razoável para voltar, mas seguiu em frente, instigado pela ambição. Por fim, surpreso por ver o sol já muito alto, marcou o último canto e se pôs a correr de volta ao ponto de partida.

Mal teve tempo de almoçar. No meio da tarde, estava exausto, porém jogou fora o paletó e as botas e continuou a corrida. O céu estava vermelho com o pôr do sol. Seus pés estavam machucados, ensanguentados, e seu coração, a ponto de explodir. No entanto, se tombasse agora, todo o esforço teria sido em vão. Correu o mais que pôde, com os olhos no ponto de chegada.

Seu esforço foi recompensado, porque ele chegou de volta bem a tempo. Mas infelizmente tombou morto como uma pedra. O governante mandou seu criado fazer uma cova e enterrá-lo. No fim, toda a terra que esse camponês conseguiu foi uma campa de dois metros por trinta centímetros.

O camponês de Tolstói não é o único ser ambicioso. A cobiça mata a todos.

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Professor de filosofia budista, cultura japonesa e pensamento nipónico, autor, diretor de conteúdo e presidente da ITIMAN. Diretor internacional da Ichimannendo Publishing Co. Ltd. - Tóquio, Japão.

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