Muito tempo atrás, o reino indiano de Benares tinha uma lei abominável. Quando um homem chegava aos sessenta anos de idade, os filhos lhe davam uma esteira na qual devia ficar sentado dia e noite, guardando a entrada da casa.
Nesse reino vivia um homem cuja mulher morrera jovem, deixando-o com dois filhos pequenos para criar. Ele educou os dois sozinho, mesmo em extrema pobreza.
Finalmente chegou aos sessenta anos. O filho mais velho, que agia como se tivesse se criado sozinho, disse a seu irmão: “Pegue uma esteira e dê para o pai, para ele ficar sentado no portão de agora em diante”.
O irmão mais novo, que era dedicado ao pai, pensou muito. Por fim, pegou uma esteira no depósito e a cortou em duas. Contendo as lágrimas, entregou metade da esteira ao velho e disse: “Pai, eu sinto muito, mas é ordem do meu irmão. A partir de hoje, o senhor tem de sentar nesta esteira e vigiar o portão”.
Intrigado, o irmão perguntou: “Por que você não deu a ele a esteira toda?”.
“Só temos uma”, foi a resposta. “Se eu der a esteira toda para o pai agora, teremos problemas mais à frente, quando precisarmos de outra esteira, não é?”
“Por que vamos precisar de outra esteira?”, perguntou o irmão mais velho, mais intrigado que nunca. “Quem iria usar?”
“Ninguém continua jovem para sempre. A outra metade é para você.”
“Para mim? Por quê?”
“Quando você fizer sessenta anos, seus filhos vão ficar aflitos se não houver uma esteira para você”.
O irmão mais velho compreendeu, com um choque, que um dia sofreria a mesma indignidade pelas mãos dos próprios filhos. Alertado para a injustiça da lei perversa, juntou-se ao irmão mais novo para combatê-la e ambos conseguiram que fosse revogada.
(História de Kentetsu Takamori, autor dos livros “Porque vivemos” e “Sementes do coração”)
O que acontece com os outros hoje, pode acontecer connosco amanhã. Mas muitas vezes nos consideramos tão importantes que se torna difícil perceber a dura realidade de nosso futuro inevitável.
Colocarmo-nos no lugar do outro e pensar sempre antes de falar ou agir: «será que estou a ser indelicado?». Esta é a base da educação, cortesia e felicidade mútua.
Leia também o artigo “Colocar-se no lugar das pessoas – uma sensibilidade humana essencial”.
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