Muitas pessoas acreditam que, para eliminar o sofrimento e ser plenamente feliz, é necessário reprimir sentimentos como desejo, ira, inveja e ciúme. Alguns chegaram ao ponto de pensar que, a menos que o desejo nos seja arrancado pela raiz, nunca se poderá obter a felicidade, como se fosse possível ao ser humano não sentir qualquer tipo de desejo.
Por outro lado, se passarmos a vida inteira a tentar satisfazer os nossos desejos ilimitados para sermos felizes, viveremos sempre descontentes e estaremos condenados a sofrer até ao fim. Este é um dilema que todos os seres humanos carregam dentro de si. Por esta razão, sempre existiu e continuará a existir a necessidade de gerir e controlar os nossos sentimentos humanos, como desejo, ira e ignorância.
A filosofia budista explica que a felicidade plena que buscamos nesta vida não está relacionada com sentimentos como desejo, ira e inveja, chamados «paixões mundanas» ou «paixões cegas» no Budismo. Isto porque jamais poderemos deixar de ter e sentir estas paixões, por uma razão básica: o ser humano é feito de paixões mundanas.
Shinran, grande expoente do Budismo, que viveu no Japão do século XII, expressou esta realidade do ser humano da seguinte maneira:
“Os seres humanos são cheios de paixões mundanas. Este mundo tão transitório e instável como uma casa em chamas é habitado por seres humanos feitos de paixões mundanas.”
Buda Shakyamuni e o mestre Shinran esclareceram que a felicidade plena pode ser experimentada e vivida nesta vida, sem reduzir ou eliminar os nossos insistentes sentimentos e paixões inerentes a todos os seres humanos.
No filme de animação japonesa TANNISHO, este assunto é explorado de forma profunda, mas muito didática, pelo guionista e autor do livro “Porque Vivemos”, o Professor Kentetsu Takamori.