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Na língua japonesa, a palavra gratidão escreve-se com o seguinte ideograma:

恩 (ON) = Gratidão

Esta letra é formada por duas partes: a de cima, que significa “causa”, e a de baixo, que se refere, neste caso, à mente ou consciência. 

恩 (ON, gratidão) =

因 (IN, causa) + 

心 (KOKORO, mente, consciência e sentimento)

Para tudo nesta vida há uma causa, sem exceção. Se um dia nascemos e hoje estamos vivos, com certeza isso não é por acaso, e vários fatores contribuíram para que isso acontecesse. Ou seja, houve uma causa.

Esses fatores podem ser pessoas ou mesmo a própria natureza. Inicialmente, sem o ar, não conseguiríamos viver. Mas, também, a falta do sol, da água, da terra, das plantas e vegetais, impediria o nosso crescimento e sobrevivência.

A filosofia budista ensina que devemos sentir gratidão por tudo isso. 

Temos a tendência de pensar que crescemos e nos desenvolvemos, que as nossas conquistas são apenas méritos próprios, mas basta abrirmos um pouco nosso horizonte e olharmos ao nosso redor para percebermos que não é bem assim.

Muitas pessoas que estão à nossa volta contribuíram e contribuem para sermos o que somos hoje. Sem os médicos, talvez hoje não estaríamos saudáveis. Ao longo de vários anos tivemos e temos o apoio da nossa família e a orientação dos professores. Sem falar nos amigos e pessoas que nos ajudaram em nossa jornada até agora. 

O que nos impede de sentir gratidão pelas coisas e pessoas é o sentimento de que tudo é obvio e natural. É natural que os pais cuidem, sustentem e eduquem os filhos. Os pais têm o dever moral e legal de criar os filhos. Isso é um senso comum garantido até mesmo pela legislação dos países e pelo UNICEF, a partir dos direitos das crianças e adolescentes. 

Mas, do ponto de vista do filho, não é obvio receber tudo dos pais e poder ter uma vida sem privações. Por essa razão, os filhos precisam reconhecer os cuidados e favores recebidos até hoje, sentir gratidão pelos pais e esforçar-se para retribuir essa gratidão. 

A pessoa que não sente gratidão não é capaz de reconhecer os favores recebidos e, por isso, não irá agradecer as pessoas. Por consequência, poderá ser vista como alguém arrogante e ingrata. Além disso, por não reconhecer a ajuda alheia, interiormente estará sempre com a mente cheia de insatisfações, queixas, rancor e ódio. Como será possível uma pessoa com esses sentimentos venenosos sentir-se feliz?

Uma pessoa que vive sem gratidão planta diariamente más sementes de ódio, rancor e lamentações. Como consequência só poderá colher infelicidade, caindo, pelas próprias ações, num ciclo vicioso de sofrimento.  

Ao invés disso, porque não direcionar a nossa energia para ressaltar os pontos positivos das pessoas, reconhecer os favores recebidos, esforçar-se todos os dias para sentir e retribuir a gratidão?

Se é possível ou não viver assim, só saberemos se nos esforçarmos para colocar em prática. Vamos a isso?

Quem reconhece a gratidão é feliz.

Quem sente a gratidão é mais feliz.

Quem retribui a gratidão é a pessoa mais feliz deste mundo.

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Professor de filosofia budista, cultura japonesa e pensamento nipónico, autor, diretor de conteúdo e presidente da ITIMAN. Diretor internacional da Ichimannendo Publishing Co. Ltd. - Tóquio, Japão.

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