Há 2600 anos, Anathapindika era um homem rico que construiu o famoso templo Jetavana, na Índia. Seu único filho se casou com uma linda mulher, chamada Sujata. Sua beleza era celestial, mas isso a deixava convencida: ela achava que tinha feito um grande favor ao se casar com seu marido. Era mimada e não dava ouvidos a ninguém.
Os sogros se entristeceram e, sem saber o que fazer, procuraram seu reverenciado mestre, Buda Shakyamuni, para pedir ajuda. Então, um dia, de manhã bem cedo, foi ao palácio do homem rico acompanhado de muitos discípulos.
No palácio, todos deram boas-vindas ao Buda, com grande deferência. Só Sujata não estava feliz. Ela se escondeu em seu quarto, sem nenhuma intenção de ir até ele. Buda sabia de tudo. Usando o poder de sua mente, transformou as paredes do palácio em vidro, deixando tudo transparente e visível.
Sujata ficou perplexa. Achava que Buda nunca a encontraria, escondida dentro do armário, mas ele tudo via; não fazia sentido se esconder no armário. Ela saiu e se prostrou diante de Buda, que lhe falou com doçura.
“Princesa Sujata, por mais lindo que seja seu rosto e por mais bela que seja sua aparência, se o coração da pessoa está poluído, ela se torna feia. Com o passar do tempo, seu cabelo preto logo ficará branco, seus dentes de pérolas aos poucos cairão. Seu rosto ficará enrugado, suas pernas e braços perderão a força.”
“E isso não é tudo. Uma vez tocada pelo vento da impermanência, a forma do seu corpo mudará totalmente, assumindo um triste aspecto do qual ninguém consegue se recuperar. Como você pode ter orgulho de um corpo assim? Você devia se esforçar para ser uma mulher com um belo coração, assim todos a amarão. Não concorda que isso é mais importante do que se preocupar com sua aparência física?”
O Buda então lhe explicou os sete tipos de esposa e perguntou: “Que tipo de mulher você gostaria de ser?”.
Profundamente arrependida, Sujata mudou de atitude e tornou-se uma mulher admirável pelo seu empenho em sempre “exercitar” a sua bondade, e passou a ser elogiada por todos. Desta forma, a casa de Anathapindika também gozou de grande prosperidade e se encheu de harmonia.