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Por que nascemos e vivemos? Mesmo com angústias e sofrimentos, por que precisamos viver?

Uma analogia muito didática da filosofia budista ajuda-nos a entender esta questão essencial. Ao nascer, todos os seres humanos são lançados na imensidão do oceano da vida. Uma vez atirados ao mar, temos de nadar com toda energia. “Nadar com toda energia” significa se esforçar ao máximo para sobreviver.

Mas nadar em que direção? No vasto mar, tudo o que a vista alcança é apenas céu e água, não temos qualquer senso de direção. Por outro lado, afundaremos se não nadarmos. Por isso, temos de nadar com força total.

Mas o que acontecerá se continuarmos nadando sem saber para onde?

Logo, corpo, mente e espírito estarão exaustos. Por fim, virá a morte por afogamento. Não resta dúvida.

Mesmo sabendo disso, não temos escolha senão nadar. Quando nos cansamos, temos de nos apoiar nos objetos flutuando à nossa volta. Sentimos alívio ao conseguir com muito custo agarrar uma pequena tábua, mas logo somos engolidos por ondas inesperadas, perdemos a tábua e sofremos, engasgando com água salgada.

“A tábua era muito pequena”, pensamos. Refletimos e nadamos buscando um tronco maior. Depois de muito sacrifício, conseguimos nos apoiar em uma grande tora. Ficamos animados, mas, em seguida, somos vítimas de uma onda ainda maior.

Novamente nos engasgamos com água salgada e nos debatemos. Pensamos: “Se tivesse me apoiado num tronco maior, isso não aconteceria…”. E, assim, vivemos até o último instante por coisas efêmeras como sonhos, e o mar de sofrimento não tem fim. 

Quem nunca vivenciou este tipo de experiência? Mas será que viver desta forma realmente é o caminho para ser plenamente feliz? Qualquer pessoa que pensa seriamente na vida já deve ter se sentido e se questionado desta maneira. 

À nossa volta, muitas pessoas são atormentadas pelas ondas de sofrimento, outras são traídas pelos troncos nos quais se agarraram e, há também, aqueles que se angustiam com a água salgada do mar e pelos vários contratempos da vida.

Todo ser humano esforça-se dia e noite para alcançar a plena segurança e satisfação, isto é, a legítima felicidade. A prova disso são todas as atividades e campos de conhecimento da nossa sociedade, como a política,  a economia, a ciência, a medicina, as artes, os desportos, a literatura, entre outros. Afinal, todas eles, sem exceção, existem e esforçam-se para proporcionar qualidade de vida e felicidade.

Salvar vidas neste vasto oceano da vida, oferecendo apoios às pessoas que se afogam e sofrem, é indiscutivelmente nobre, legítimo e importantíssimo.

Mas enquanto não soubermos claramente a direção para qual devemos nadar, para embarcar num navio e chegar à terra firme, a felicidade será sempre momentânea e efémera.  

Como embarcar neste grande navio e obter a felicidade plena e duradoura nesta vida é o que Buda Shakyamuni transmitiu há mais de 2600 anos e, é também, a essência da filosofia budista explicada no livro “Porque vivemos”.

A questão da felicidade humana não está ligada ao ato de “acreditar e não duvidar”. A pessoa que conquista a felicidade plena nesta vida não tem nenhuma necessidade de acreditar, pois ela sabe claramente e tem certeza disso. 

Leia também o artigo Qual é o propósito da vida?

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Professor de filosofia budista, autor, diretor de conteúdo e presidente da ITIMAN. Diretor internacional da Ichimannendo Publishing Co. Ltd. - Tóquio, Japão.

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