Esta foi a pergunta feita por um diretor de uma empresa em Tóquio, no Japão, ao jovem candidato à vaga de emprego. Isto aconteceu há cerca de trinta anos.
«Não, nunca…», respondeu o jovem. «Então faça-o e volte amanhã no mesmo horário», disse o diretor. «Sim, senhor», respondeu o rapaz.
O pai do jovem falecera quando este ainda era pequeno e, trabalhando de sol a sol, a sua mãe conseguiu sustentá-lo até à sua formatura na faculdade. Quando ela voltar do trabalho, vou oferecer-me para lhe lavar os pés, ponderou e encheu a bacia com água.
— Ainda sou capaz de me limpar, ora! — disse a mãe quando chegou. Porém, ao escutar as razões do filho, acabou por concordar e sentou-se na cadeira.
— Coloque-os aqui — pediu o rapaz e, com a mão esquerda, pegou num dos pés da mãe. Porém, a direita, encarregada de esfregar, permaneceu imóvel.
Então, o jovem agarrou os pés da mãe e lamentou-se.
— Estão tão rijos, mãe… parecem de madeira. Quando estudava na faculdade, nunca valorizei o dinheiro que a mãe me mandava. Para mim, era uma coisa natural, como se fosse uma obrigação dos pais, algo óbvio. Não sabia que era fruto de tanto sacrifício — desabafou, em lágrimas.
No dia seguinte, o jovem disse ao diretor:
— Graças ao processo seletivo desta empresa, descobri o quão imensa é a dívida de gratidão que temos com os nossos pais. Isso não se aprende em nenhuma escola. Muito obrigado!
É necessário ter consciência da enorme dívida de gratidão com os nossos pais. Se não fosse o pai, não nasceríamos; se não fosse a mãe, quem nos criaria? Entre os sentimentos humanos, não há o que se compare ao amor maternal.
Contraímos esta dívida de gratidão antes mesmo de nascer. Após conceber, a mulher enfrenta nove meses de desconforto físico, esteja deitada, sentada ou em pé. O seu único desejo é que o filho nasça saudável.
No Sutra da Gratidão Infinita aos Pais, Buda Shakyamuni explica que a gratidão aos pais é infinita como os céus. Nós crescemos e estamos vivos graças ao total empenho dos nossos pais. Por isso, devemos esforçar-nos ao máximo para retribuir, todos os dias da nossa vida.
Feliz é a pessoa que consegue reconhecer, sentir e retribuir a gratidão pelos favores recebidos, especialmente dos pais.
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