Quando estamos na véspera de uma data que aguardamos com muita expectativa, por exemplo, uma viagem dos sonhos ou um passeio com a pessoa amada, mesmo ainda no dia anterior sentimos uma ansiedade saudável sobre o futuro que está por vir, que nos proporciona uma felicidade.
Isto acontece porque a expectativa de um futuro feliz, nos proporciona uma felicidade no presente. Assim é a relação prática e real que existe entre o nosso futuro, que ainda não chegou, e o momento presente, que estamos a viver agora, neste momento.
Mas o que acontece quando o futuro da pessoa é sombrio? O presente também se torna sombrio. Isto fica evidente se pensarmos no estado emocional dos passageiros de um avião ao saberem que a aeronave em que se encontram está condenada. Nenhuma refeição será saborosa para eles, nenhum filme, por mais interessante que seja, conseguirá distraí-los.
O que poderia ser uma viagem agradável se torna um pesadelo. Temerosos e cheios de ansiedade, os passageiros entram em desespero. Nesse caso, a raiz do sofrimento é a queda iminente. Mas a morte não é o único sofrimento: o voo em direção à tragédia é igualmente um tormento.
Se o nosso futuro está incerto, sentimos desde já esta insegurança no presente momento. A ansiedade do presente se deve à incerteza do futuro, que existe no presente. A incerteza sobre o que existe além da morte é inseparável da insegurança e ansiedade que existe aqui e agora, no presente momento. É claro, portanto, que será impossível solucionar a insegurança e ansiedade (sofrimento) da vida presente, sem encarar de frente e solucionar a questão futura da finitude da vida: a morte e o que vem depois dela.
A filosofia budista ensina que a raiz de todo sofrimento humano está unicamente nesta ansiedade existente em todos os seres humanos no presente momento, gerada pela incerteza em relação ao pós-morte, futuro que com certeza virá para todas as pessoas, sem exceção.
Por esta razão, se queremos realmente solucionar a ansiedade e sofrimento que temos atualmente, primeiro, temos de olhar claramente para a questão do futuro (morte e pós-morte) e, não apenas gerir e camuflar esta insegurança, com técnicas, terapias e tratamentos de controlo da ansiedade (que são importantes para viver um dia de cada vez e sobreviver), mas que efetivamente não solucionam o problema. Somente quando a incerteza e ansiedade em relação ao pós-morte for definitivamente solucionada, poderemos viver todos os dias em pleno, com uma felicidade genuinamente duradoura.
“Focar no presente”, “viver cada momento”, “viver um dia de cada vez” é necessário e importante, mas sem considerar o futuro que virá para toda a humanidade (morte e pós-morte), isto torna-se um modo de vida “cego” e desprovido de sabedoria, que leva ao sentimento de um vazio interior e constante necessidade de preenchimento com as nossas atividades cotidianas, como hobbies, um trabalho que nos dê satisfação, terapias complementares para uma vida mais completa, justamente por estes não serem capazes de solucionar, mas de apenas gerir e amenizar temporariamente esta insegurança e ansiedade em relação ao futuro, que todos nós temos.
Há mais de 2600 anos, Buda Shakyamuni explicou sobre a natureza do ser humano e da vida, sem distorções, embasada no princípio universal da causalidade (causa e consequência) e indicou uma solução completa e definitiva para o sofrimento humano.
Partilhamos o artigo “Para cada sofrimento, um caminho, uma felicidade”, que explica mais sobre este assunto essencial para uma vida saudável e verdadeiramente feliz.
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