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heike – APRENDER COM OS ERROS – SITE

Há um antigo, mas sábio provérbio japonês, que diz: “Aquele que tropeça na mesma pedra duas vezes é um tolo”. Errar é humano, mas temos de nos esforçar para não tropeçar na mesma pedra. E isto também é humanamente possível. 

Mas aprender com os próprios erros não é tão fácil. Apenas quem realmente reconheceu o equívoco será capaz de refletir, chegar à causa do engano e tomar as devidas atitudes e providências para que o mesmo erro não se repita. 

Embora aprender com os próprios erros seja elogiável, aprender com os erros dos outros é muito mais nobre, e proporcionalmente mais difícil. Mas é uma atitude que temos de cultivar a cada dia e colocar em prática para que possamos nos desenvolver como seres humanos.

Aprender com os erros dos outros significa aprender sem precisar errar uma vez, é não “desperdiçar” a experiência alheia e adquirir uma sabedoria a partir dos exemplos de vida das outras pessoas. Mas como isto é possível?

O professor Kentetsu Takamori, autor dos livros “Porque vivemos” e “Sementes do coração”, ensina da seguinte maneira.

Duas pessoas ouvem a mesma história. Uma dá um grande passo e avança, a outra permanece no mesmo lugar. Por que essa diferença?

Kenshin Uesugui (1530-1578) foi um poderoso daimiô (general) que, no século XVI, governou a província de Etchigo (atual Niigata), no Japão. Quando lhe perguntaram “Onde está o segredo de sua força?”, ele respondeu: “Naquilo que Yoshitsune Minamoto (1159-1189) me ensinou”.

Como é possível aprender com alguém que viveu quatrocentos anos antes?

Yoshitsune Minamoto é um dos personagens centrais do Conto de Heike, um clássico da literatura japonesa que relata o conflito épico entre os clãs Taira (Heike) e Guenji (Minamoto), no final do século XII, no Japão.

Ele foi o general que liderou as forças de Guenji na Batalha de Guenpei (1180-1185), um combate decisivo que terminou com a vitória daquele clã e marcou a transição da era clássica para o feudalismo no Japão. Hoje, Yoshitsune é considerado um dos samurais mais notáveis da história do país.

Kenshin Uesugui esclareceu sua resposta: “A maioria das pessoas lê esse conto apenas como um relato de episódios do passado e por isso não absorve a mensagem para se aperfeiçoar. Quando leio o Conto de Heike, faço sempre uma reflexão, principalmente sobre os combates liderados por Yoshitsune, e me pergunto: ‘O que eu faria se estivesse no lugar dele?’. E assim são muitas as lições que aprendo com o samurai”.

Sem dúvida, faremos descobertas maravilhosas se lermos os episódios históricos ou ouvirmos e vermos as atitudes das outras pessoas, aplicando-as à realidade da nossa vida.

Em outras palavras, ao ouvir ou presenciar o erro de uma pessoa, não podemos apenas lamentar ou “apontar o dedo”, como se isso só acontecesse com os outros e que jamais acontecerá connosco. Se nos colocarmos no lugar da pessoa e refletir sobre o que faríamos se estivéssemos na mesma situação, com certeza poderemos aprender valiosas lições.

Os tempos mudam, mas a essência dos seres humanos continua a mesma. Somos todos iguais por dentro, em corpo, mente e espírito. Nossos antepassados também viveram as dificuldades e os sofrimentos que enfrentamos hoje. Se estudarmos as causas do sucesso ou do fracasso daqueles que viveram no passado, das pessoas que hoje cometem erros, e refletirmos sobre isso, será possível não repetir o mesmo equívoco dos outros. 

Basta praticar para comprovar!

Leia também o artigo “Errar é fundamental”.

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Professor de filosofia budista, cultura japonesa e pensamento nipónico, autor, diretor de conteúdo e presidente da ITIMAN. Diretor internacional da Ichimannendo Publishing Co. Ltd. - Tóquio, Japão.

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