A filosofia budista ensina que existem três tipos de milionários neste mundo.
- Milionário de bens materiais
- Milionário de saúde
- Milionário da mente
O “milionário de bens materiais” representa as pessoas que possuem dinheiro e posses. São todos que vivem com conforto material, tendo uma casa para morar, comida na mesa todos os dias e roupas adequadas para as quatro estações do ano.
Este é o perfil da pessoa e o significado mais comum e descrito nos dicionários para a palavra “milionário”. Muitas pessoas acreditam que tendo dinheiro, grande parte dos problemas da vida serão solucionados e que poderão ser felizes.
Mas Buda Shakyamuni, o precursor do budismo, disse que “ter e não ter são a mesma coisa”, pois em qualquer dessas duas condições, nossa incapacidade de escapar do sofrimento não se altera.
Se não temos dinheiro e bens materiais, somos infelizes, e, se temos, sofremos por conta deles. Quem possui riquezas está preso com uma corrente de ouro, e quem não possui está preso com uma corrente de ferro. Seja qual for o material das correntes, o sofrimento de estar preso não muda. Em outras palavras, mesmo sendo um “milionário de bens materiais”, não conseguiremos ser plenamente felizes.
O “milionário de saúde” é aquela pessoa que tem saúde física e mental, e que por isso, tem qualidade de vida e vive não apenas para trabalhar e ter uma estabilidade financeira e material, mas que também quer viver cada dia da melhor maneira possível e esforça-se para isso.
É a pessoa que a partir de cuidados com a alimentação, com o seu eu interior e com uma vida saudável, é capaz de encontrar no seu cotidiano, momentos de paz interior, felicidade e prazer, mesmo em meio às intempéries da vida.
O “milionário de saúde” é alguém equilibrado física e mentalmente, que vive um dia de cada vez, não apenas para o próprio bem-estar, mas sempre esforçando se também para ajudar as pessoas. Ou seja, é um indivíduo do bem, que vive feliz consigo e com as pessoas ao seu redor, de maneira bondosa e prazerosa.
O budismo ensina que precisamos nos esforçar para sermos “milionários de bens materiais” e “milionários de saúde”, pois sem ter dinheiro para comer, morar, vestir, e saúde para desfrutar do que a vida tem de melhor, é muito difícil sentir-se satisfeito e feliz.
Por essa razão, todos os campos de conhecimento humano, tecnologias, trabalho, práticas e terapias de saúde e bem-estar são muito importantes para uma vida feliz e cada qual contribui para que isso seja viável, dentro de sua especialidade.
Um bom exemplo é a medicina. A partir do avanço dos estudos médicos, o ser humano tem conseguido viver cada vez mais e melhor.
Mas será que ter uma vida mais longa é garantia de uma vida feliz? Ou ainda, mesmo que a pessoa tenha sido feliz a maior parte da vida ou sinta-se feliz neste momento, até quando essa felicidade irá continuar?
Mesmo sendo inconveniente e desagradável, essa é uma pergunta que de maneira muito subtil mas persistente, esteve, está e estará presente dentro dos corações daqueles que pensam seriamente na vida.
Na filosofia budista, os bens materiais, o dinheiro, a saúde física e mental, o bem-estar, a satisfação e serenidade em viver cada dia da melhor maneira possível são importantes ingredientes para o tempero de uma vida feliz. Mas ela também lança uma questão crucial para a felicidade humana: qual é a dosagem adequada de cada ingrediente para que o sabor final da vida garanta uma satisfação plena e duradoura?
Shakyamuni respondeu essa pergunta com o “milionário da mente”.
Este terceiro tipo de milionário é a pessoa que, nesta vida, obteve a felicidade plena e duradoura. Mesmo com todo o conforto de uma vida saudável, mais longa e rica materialmente que o progresso científico e tecnológico proporcionou à humanidade, a verdadeira felicidade ainda continua sendo uma utopia para aqueles que desconhecem esse tipo de riqueza ensinado há mais de 2600 anos, pelo buda Shakyamuni, na Índia.
O desenvolvimento pessoal é necessário, pois proporciona que as pessoas consigam ser “milionários de bens materiais e de saúde”, mas a felicidade plena e duradoura que toda a humanidade almeja só deixará de ser uma utopia, para tornar-se a mais incontestável realidade quando chegarmos ao desenvolvimento humano.
O senso comum leva-nos a pensar que “desenvolvimento pessoal” e “desenvolvimento humano” têm o mesmo significado ou são similares. Mas o buda Shakyamuni ensinou sobre a diferença e a relação entre esses dois conceitos, além de indicar que a compreensão correta desses dois conceitos é a chave para a solução do sofrimento humano e conquista da felicidade duradoura.
No livro “Porque vivemos” (1ª edição – Editora Nascente, 2019; 2ª edição – Editora Farol, 2019), o professor de budismo japonês Kentetsu Takamori escreveu sobre essa importante questão da seguinte maneira:
“Não saber o que é verdadeiro e o que é provisório impede que as pessoas obtenham o grande benefício da compaixão”
“Aqueles que não conseguem distinguir claramente a verdade (o verdadeiro propósito da vida) do provisório (os hobbies e os objetivos temporários) desconhecem o propósito da vida e ignoram a verdadeira alegria de viver”
Para compreendermos as frases acima e percebermos a relação e a importância do desenvolvimento pessoal e desenvolvimento humano em nossas vidas, primeiro temos de aprofundar o entendimento sobre “compaixão” e as diferenças ensinadas pela filosofia budista entre “grande compaixão“ e “pequena compaixão”, “compaixão” e “sabedoria”, “objetivo da vida” e “meios de vida”, “porque vivemos” e “como vivemos”, “causa básica do sofrimento humano” e “sofrimentos cotidianos”, “felicidade duradoura” e “felicidade momentânea”.
Todos esses assuntos são tratados nos artigos do blog da Itiman.
Partilhamos, abaixo, algumas páginas do livro “Porque vivemos”, que explica a questão essencial da vida e do ser humano, segundo a filosofia budista.
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Yoshie Mateja
Muito bom. Fiquei muito surpreso com o artigo.