Uma carta carrega em si grande força. É um diálogo entre corações, que atravessa as barreiras das posições sociais e idades, e pode causar mudanças significativas na vida das pessoas. 

Quando era um estudante universitário na França, aos 21 anos de idade, Romain Rolland (1866-1944) se preocupava: “De que forma devo viver?”. Lera um romance do mestre da literatura, o russo Liev Tolstói (1828-1910), e essa preocupação se aprofundou ainda mais. 

Corajosamente, Rolland lhe escreveu uma carta. Em seu conteúdo, pedia do fundo do coração: “Por favor, esclareça a minha dúvida”. Será que o mais famoso escritor da época escreveria uma resposta a um estudante anônimo?

Esperou durante um, dois meses mas não recebera nada. Pensando com bom senso, ele próprio sabia que seria uma coisa impossível. Porém, seis meses depois, recebeu uma resposta tão volumosa, que seria posteriormente publicada na forma de ensaio. 

A carta começava da seguinte forma: “Recebi sua primeira carta. Senti-me profundamente tocado por ela e a li com lágrimas nos olhos.” A sinceridade da carta de Rolland tocara o coração do grande mestre da literatura. Como Tolstói escrevia o épico “Teoria sobre a vida”, atrasou a responder, mas o fez de forma esmerada. 

Em que medida a carta encorajou Rolland é impossível mensurar. Rolland tomou Tolstói por mestre e prosseguiu com suas atividades literárias e, por fim, tornou-se um escritor representativo da França. Aos 49 anos, foi agraciado com o Prêmio Nobel de Literatura por seu romance em dez volumes “Jean-Christophe”.

De renome mundial, Rolland também respondeu de forma afável as cartas de seus leitores durante toda a vida, da mesma forma que o fez Tolstói. 

(Texto de Yutaka Yamazaki, autor, editor-chefe, presidente da Ichimannendo Publishing – Tokyo, Japan e vice-presidente da ITIMAN)

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