É difícil fazer com que todos entendam, mas a seguinte história e explicação da filosofia budista pode nos ajudar.

Um menino percorria um caminho da montanha todos os dias para ir e voltar da escola. Nos dias em que ficava até tarde para alguma atividade extracurricular, a montanha era assustadoramente escura na volta para casa. No verão, o sol brilhava, feroz, porém no inverno ele era muitas vezes forçado a se agachar por causa dos ventos provocados pela
nevasca. 

A chuva transformava o caminho montanhoso numa catarata. Cheio de ressentimento, o menino muitas vezes resmungava: “Se a escola fosse mais perto… se a montanha não estivesse aqui”.

Então, um dia uma linda menina foi transferida para a escola dele. Por coincidência, ambos viviam na mesma aldeia e por isso os dois começaram a ir juntos para a escola, conversando, falando que o caminho era longo e a montanha deserta. Logo ficaram amigos.

Numa tarde, quando voltavam para casa, foram pegos por uma súbita tempestade. A chuva não dava sinal de amainar. Os dois tinham apenas um guarda-chuva, pertencente à menina. Vendo-se apertado ao lado dela debaixo do guarda-chuva, o menino desejava em silêncio durante todo o caminho: “Que a chuva não pare… que a montanha esteja mais deserta… que a aldeia fique mais longe…”.

As coisas que antes o atormentavam – a grande distância, a dificuldade, o isolamento do caminho da montanha – não tinham mudado, mas não o preocupavam mais. Antes obstáculos ao prazer do menino, transformaram-se agora em fonte de alegria. Todo a gente provavelmente passa por uma experiência semelhante em algum momento.

Tristeza e alegria, ansiedade e tranquilidade, desastre e felicidade: tudo se transforma em puro esplendor de vida vivida plenamente. Como este é um mundo que transcende todos os resultados obtidos pelo esforço humano, ele é chamado de caminho sem impedimentos.

Este, de facto, é o objetivo máximo buscado com empenho por todos: encontrar um caminho sem impedimentos, no qual, nesta vida de restrições, se possa saborear a perfeita liberdade.

Saiba mais sobre este assunto no livro Porque Vivemos, de Kentetsu Takamori.