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Açúcar

O jovem casal proprietário da loja de doces passava o tempo a discutir. Como sempre, certo dia, por uma coisa de nada, começaram a gritar um com o outro. O marido dizia que ia matar a mulher. A mulher respondia que, se ele a queria matar, que o fizesse logo.

O monge do templo vizinho estava a passar pela loja. Ao ver que o casal discutia, tentou apaziguar marido e mulher.

«O que aconteceu? Por que razão gritam desse modo? Toda a gente está a olhar. Não têm vergonha? Parem de discutir.»

«Desta vez eu não vou perdoar esta mulher. Deixe-me em paz! Vou matá-la!», ameaçava o marido com os olhos vermelhos de raiva.

«Mestre, não se intrometa, por favor. Vamos, mata-me se fores capaz!», desafiava a mulher, totalmente histérica.

Não havia como remediar a situação. O monge não sabia o que fazer.

«Então discutam à vontade. Fiz o que pude. Se não me querem dar ouvidos, façam o que quiserem.»

Aos poucos, as crianças da rua começaram a juntar-se para assistir à discussão do casal. De repente, o monge entrou na loja, pegou nos doces e pôs-se a distribuí-los pelos miúdos.

«Podem levar tudo, vamos, venham todos!», dizia o monge.

O casal foi apanhado de surpresa. «Mestre! Como pode distribuir os nossos doces sem permissão? Se fizer isso, vamos acabar arruinados!»

«O quê? Arruinados? Do que é que estão a falar? O marido vai matar a mulher e ela vai morrer. Quem mata vai para a cadeia e quem morre, para o cemitério. Nenhum dos dois vai precisar de mais nada. Se as crianças ficarem contentes com os doces, será ao menos uma boa ação que vos vai ajudar no mundo depois da morte.»

Outras histórias como esta podem ser lidas no livro “Sementes do Coração”, de autoria do Professor Kentetsu Takamori.

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Professor de filosofia budista, cultura japonesa e pensamento nipónico, autor, diretor de conteúdo e presidente da ITIMAN. Diretor internacional da Ichimannendo Publishing Co. Ltd. - Tóquio, Japão.

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