A desconfiança é um sentimento humano, que todas as pessoas têm, independente da idade, experiência, grau de conhecimento, nacionalidade ou cultura. Assim como o desejo ou a ira, a desconfiança faz parte do ser humano e nos acompanha ao longo de toda a nossa vida.
Ela pode parecer mais ou menos evidente em algumas pessoas, mas sempre existirá. A desconfiança é uma das 108 paixões mundanas (deste mundo) que constituem o ser humano, segundo a filosofia budista.
O ato de desconfiar é inerente ao ser humano e pode ser tanto bom, como mau. A nossa saúde é protegida quando desconfiamos de uma comida estragada, deixamos de comer e evitamos a intoxicação alimentar. Mas o mesmo sentimento de desconfiança pode causar sofrimento, ao provocar uma crise de relacionamento conjugal.
Portanto, a desconfiança pode ser benéfica ou maléfica, pode nos beneficiar ou prejudicar. Mas sempre será necessária para a nossa sobrevivência, pois embora exista a possibilidade de ela provocar algum desconforto e até sofrimento, por outro lado, sem a desconfiança ficamos vulneráveis aos vários perigos da vida.
O sentimento de desconfiança pode manifestar-se como incerteza, insegurança ou até mesmo pessimismo, mas também, pode transformar-se em virtudes como cautela, precaução e prevenção, que com certeza, nos conduzirá para uma vida mais planejada, equilibrada e feliz.
A partir da desconfiança, podemos ser inseguros, pessimistas e, por isso, sofrer. Ou, ser alguém cauteloso e prevenido, que é capaz de pensar e refletir antes de tomar qualquer atitude. Tudo vai depender das nossas próprias escolhas.
Além de explicar sobre a desconfiança que temos em relação às pessoas, situações e coisas materiais, o Budismo ensina que existe outro tipo de desconfiança, ligada à causa básica do sofrimento humano.
Há mais 2600 anos, Shakyamuni, o buda, explicou que quando esta outra desconfiança for eliminada, nesta vida, poderemos sentir a plena e absoluta felicidade de ter nascido como ser humano. Este assunto é apresentado na parte 2 do livro “Porque vivemos”.
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