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Um jovem chegou à casa de um famoso mestre italiano pedindo aulas de canto, mas foi recusado imediatamente. “Desista”, disse o mestre. “O caminho e a vida de um músico é muito difícil.” 

Empenhado, o jovem replicou: “Eu suporto qualquer dificuldade. Por favor, me ensine”. O músico finalmente consentiu em aceitá-lo, sob a condição de que ele nunca pronunciasse nem uma palavra de queixa, por mais difícil que sua vida pudesse se tornar. 

Nesse mesmo dia, o rapaz mudou para a casa do mestre e começou a estudar canto, entre as muitas tarefas da casa: cozinhar, limpar e lavar. Durante todo o primeiro ano, ele treinou apenas escalas. No segundo, mais escalas. No terceiro ano, esperava que lhe fosse permitido estudar alguma outra coisa, porém, uma vez mais foram escalas, escalas e mais escalas. 

Quando terminou o quarto ano do mesmo jeito, o rapaz finalmente expressou insatisfação. “Mestre, poderia me ensinar alguma outra coisa?”. O mestre reagiu a essas palavras com uma dura repreensão. 

Em seu quinto ano, o aluno aprendeu a escala cromática e a cantar contrabaixo. No fim desse ano, o mestre disse:“Pode ir embora agora. Não tenho mais nada a ensinar. Agora pode cantar sem medo diante de qualquer pessoa ou público”. 

O nome do rapaz era Gaetano Majorano (1710-1783). Com o nome artístico de Caffarelli, ele foi o maior cantor de ópera italiano do século XVIII. 

É errado desprezar “meras” escalas e exercícios. Durante cinco anos, o mestre empenhou sua alma em ensiná-los ao prodígio, exatamente porque sabia que, quando o jovem dominasse o básico, seria capaz de cantar qualquer música, por mais difícil que fosse. 

Em tudo o que se faz, dominar o básico é essencial. 

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Professor de budismo e autor de diversos best-sellers sobre filosofia budista, desenvolvimento humano e educação no Japão. Autor do livro "Porque vivemos".

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