Blog

  • Home
Cachoeira – Foto

Algumas vezes, percebemos que pessoas próximas, colegas de trabalho e amigos possuem qualidades que não temos, mas que gostaríamos de ter. E aí, pensamos: “Por que eu sou assim? Queria ser diferente”. Este tipo de sentimento pode despertar apenas a inveja, se pararmos aqui. Mas pode ser um grande incentivo para o nosso crescimento como seres humanos.

Toda pessoa, em qualquer época da vida, pode mudar. Porém, isso exige esforço. A desculpa mais frequente para se conformar com a situação atual é “sempre fui assim”. Desse modo, desistimos facilmente. Existe algum segredo para mudar a nossa personalidade ou as nossas características pessoais? 

Não há nenhum segredo ou meio infalível para mudar, mas o primeiro passo é saber que nosso ‘eu’ não é imutável. Ou seja, não temos uma personalidade estereotipada ou fixa, que irá se manter ao longo de toda a nossa vida. Não existe um ‘eu permanente e estável’, mas sim, um ‘eu’ que está em constante transformação. 

Na realidade, estamos mudando todos os dias, a todo momento. Diariamente, passamos por pequenas mudanças, quase imperceptíveis. No entanto, se nos compararmos e refletirmos sobre como éramos há cinco ou dez anos, perceberemos que houve uma enorme mudança. 

Por exemplo, uma pessoa que detestava peixe na infância pode passar a gostar. Alguém que curtia rock na adolescência pode mudar seu gosto musical. Um estudante que detestava acordar cedo pode se tornar num profissional pontual depois que começa a trabalhar. Por isso, é possível mudar. Mas, desde que haja vontade, determinação, esforço e perseverança.

O hábito pode mudar uma pessoa.

Hábito é o conjunto de ações que a pessoa está acostumada a praticar no seu dia a dia, sendo que essas ações transformam-se em energia invisível, que irá formar e moldar o caráter e a personalidade de uma pessoa.

Vamos analisar com exemplos concretos. Muitas pessoas estão sempre correndo atrás do prejuízo, já que cometem falhas de esquecimento, atrasos e falta de atenção. Dessa forma, elas não vivem com tranquilidade, pois não conseguem se organizar, sempre fazem as coisas em cima da hora, no improviso e de forma reativa, e consequentemente, acabam se atrasando nos compromissos assumidos ou se esquecendo de coisas importantes. 

Por outro lado, pessoas organizadas agem com precaução e antecedência, e por isso, mesmo que ocorram imprevistos, conseguem chegar no horário do compromisso, pois saíram de casa com antecedência. Elas são capazes de agir com calma mesmo que tenham vários compromissos, pois falham menos e não precisam perder tempo ten- tando corrigir os eventuais erros. São pessoas de credibilidade, com quem podemos sempre contar e confiar.

Atrasos e esquecimentos não são defeitos de nascença, simplesmente são maus hábitos cultivados pela própria pessoa, a partir das suas próprias ações cotidianas, mas que felizmente podem e devem ser modificados. Isto é possível a partir de pequenas mudanças em nossas atitudes do dia a dia. Mudando as nossas posturas e atitudes a partir de agora, podemos perfeitamente deixar de ser pessoas que se atrasam e se esquecem dos compromissos. 

Tendo consciência do nosso jeito de pensar, ao tentar ver as coisas por novos ângulos, adquirimos uma nova visão e podemos nos tornar a pessoa que desejamos ser. É exatamente como ver uma cachoeira de perto. Pode ser que de longe, a queda d’água pareça contínua como um véu, mas quando nos aproximamos, observamos que ela é formada por incontáveis gotas d’água que caem muito rapidamente. Por isso, a cascata de um segundo atrás é diferente da cascata deste momento, de agora. 

Da mesma forma, temos a impressão de que somos a mesma pessoa desde o nascimento, mas estamos mudando a cada dia, de acordo com as ações que praticamos. Não existe um ‘eu imutável’. 

Que tipo de sementes devemos plantar, ou seja, que tipo de ações temos de praticar para nos tornarmos pessoas cada vez melhores, mais humanas e felizes? 

A filosofia budista, transmitida há mais de 2600 anos por Shakyamuni, o buda, explica detalhadamente sobre isso a partir do Princípio da Causalidade (relação entre causa e consequência).

Leia outros artigos sobre este tema e assuntos relacionados ao desenvolvimento humano neste site e no livro Porque vivemos.

mm
Professor de filosofia budista, autor, diretor de conteúdo e presidente da ITIMAN. Diretor internacional da Ichimannendo Publishing Co. Ltd. - Tóquio, Japão.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *