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Para algumas pessoas, o propósito da vida é simplesmente viver. Há até aqueles que afirmam que «não existe caminho para a felicidade, que a felicidade é o próprio caminho». Por outras palavras, isto é o mesmo que dizer que «o ato de viver ou estar vivo já é a própria felicidade», ou ainda, que «felicidade é seguir o próprio caminho e fazer o que gostamos». 

Viver desta maneira garante realmente uma felicidade genuína? Se fizermos uma analogia entre «viver» e «andar», compreenderemos que não. 

As pessoas que pensam deste modo não percebem que o ato de andar é agradável em si apenas enquanto elas continuam cegas a ponto de não sentirem e admitirem o vazio de andar sem uma finalidade. 

Por trás da visão de que «a felicidade é o caminho, que viver e fazer o que gostamos é o melhor da vida», está o pensamento de que o importante é perseverar, superar as difi- culdades e seguir em frente. Ao ouvir isto, muitos podem concordar e dizer: «É verdade. Temos de aguentar firmes e continuar vivendo. Só se vive uma vez, por isso viver tem um valor incalculável. Por isso, só o facto de estarmos vivos e podermos viver cada dia já é, em si, uma felicidade.» 

Talvez, dentre aqueles que questionam se a vida tem sentido ou não, haja alguém que sinta consolo ao ouvir que só o facto de estar vivo já é razão para viver. Mas, para quem neste momento sofre e não sabe porque vive, a resposta «viver é uma felicidade, viver é o propósito da vida e que a felicidade é o caminho (a vida em si)» só causa frustração. 

Na realidade, não é uma resposta, pois não tem sentido. 

Basta pensar um pouco. Se perguntarmos a alguém que gosta de correr «Por que corre?» e a pessoa responde: «Para melhorar a saúde», a resposta fará sentido. No entanto, se alguém responde «Corro por correr», qualquer pessoa ficará intrigada, sem entender o significado disso. 

Da mesma forma, a indagação «Porque vivemos?» não pode ser respondida com «Vivo por viver» — isso seria totalmente sem sentido. 

Qualquer pessoa que insista na afirmação de que é feliz somente por fazer ou trabalhar naquilo que gosta, sem um propósito na vida, não é feliz nem infeliz: uma pessoa assim provavelmente está apenas ocupada ou atarefada. 

Com certeza, mergulhar num trabalho que nos dá prazer pode ser profundamente satisfatório e fazer-nos sentir que é para isto que nascemos e vivemos. Mas só enquanto nos esquecemos da sombra da morte e da finitude desta vida. 

Por isso, enquanto podemos fazer o trabalho que nos dá alegria, enquanto temos saúde para viver com toda energia, precisamos, também, de encarar a questão da finitude da vida, encontrar e entender a causa básica do sofrimento humano para a solucionar. 

Este é o caminho indicado pela filosofia budista para a conquista da felicidade plena e duradoura, e a conclusão do propósito da vida.


Leia e saiba mais no livro Causa e Consequência – Filosofia budista para o dia a dia e no livro Porque Vivemos – A resposta à questão fulcral da vida, segundo a filosofia budista.

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Professor de filosofia budista, cultura japonesa e pensamento nipónico, autor, diretor de conteúdo e presidente da ITIMAN. Diretor internacional da Ichimannendo Publishing Co. Ltd. - Tóquio, Japão.

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