Para que nascemos? Para que vivemos? Mesmo sofrendo, temos de viver. Porquê? São perguntas que todos nós queremos responder.
Shinran (1173-1263), um grande mestre budista do Japão, explicou que o Budismo é o “navio da grande compaixão” que nos faz navegar pelo oceano de sofrimentos da vida, com mente e coração radiantes, repletos de felicidade.
Dentro da analogia de Shinran, a vida é tal e qual um mar onde as ondas de sofrimento não cessam, assim como acontece no oceano real que conhecemos. Ao nascer, todos os seres humanos são lançados na imensidão do oceano da vida. Uma vez atirados ao mar, temos de nadar com toda a energia. «Nadar com toda a energia» significa esforçar-se ao máximo para sobreviver.
Mas nadar em que direção?
No vasto mar, tudo o que a vista alcança é apenas céu e água, não temos qualquer senso de direção. Por outro lado, afundaremos se não nadarmos. Por isso, temos de nadar com força total.
Mas o que acontecerá se continuarmos a nadar sem saber para onde?
Logo, corpo, mente e espírito estarão exaustos. Por fim, virá a morte por afogamento. Não há dúvida. Mesmo sabendo-o, não temos outra escolha a não ser nadar.
Avistando apenas o céu, a água e a linha do horizonte, nadamos no oceano da vida à procura de um tronco flutuante que nos sustente, de algo que nos sirva de apoio.
Quando nos cansamos, temos de nos apoiar nos objetos que encontramos a flutuar à nossa volta. Sentimos alívio quando, a muito custo, conseguimos agarrar-nos a uma pequena tábua, mas logo somos engolidos por ondas ines- peradas, perdemos a tábua e sofremos, engasgados com a água salgada.
«A tábua era muito pequena», refletimos e nadamos em busca de um tronco maior. Depois de muito sacrifício, conseguimos apoiar-nos num toro enorme. Ficamos animados, mas, em seguida, somos vítimas de uma onda ainda maior.
Novamente engasgados com a água salgada, debatemo-nos e pensamos: Se me tivesse apoiado num tronco maior, isto não aconteceria… E, assim, vivemos obcecados até ao último instante por coisas efémeras como sonhos, e o mar de sofrimento não tem fim.
Esta visão de vida pode até ser considerada pessimista, mas ao refletirmos com mais serenidade e sinceridade, chegaremos à conclusão de que é a mais pura realidade.
À nossa volta muitas pessoas são atormentadas pelas ondas de sofrimento, outras são traídas pelos troncos a que se agarraram e há também aquelas que se angustiam com a água salgada do mar e com os vários contratempos da vida.
Todo o ser humano se esforça dia e noite para alcançar a plena segurança e satisfação, isto é, a legítima felicidade. Dessa maneira, os «professores de natação» empenham-se para ensinar a essa multidão como devem nadar. Esses «professores» são as atividades da política, economia, ciência, medicina, artes, desportos, literatura e demais áreas do conhecimento humano, além das inúmeras filosofias de vida, terapias e métodos de tratamentos orientais . Afinal, todas elas, sem exceção, existem e esforçam-se para proporcionar qualidade de vida e felicidade.
Será que viver desta maneira realmente é o caminho para se ser plenamente feliz? Qualquer pessoa que pensa seriamente na vida já deve ter-se sentido e questionado desta maneira.
Afinal, para onde devemos nadar?
Por que devemos viver, mesmo enfrentando as ondas de dificuldades e sofrimentos da vida?
Salvar vidas neste vasto oceano da vida, oferecendo apoios às pessoas que se afogam e sofrem, é indiscutivelmente nobre, legítimo e importantíssimo. Mas enquanto não soubermos claramente em que direção devemos nadar, para embarcar num navio e chegar à terra firme, esta felicidade será sempre momentânea e efémera.
A filosofia budista explica como podemos embarcar neste navio e vivenciar a felicidade plena, nesta vida. No livro “AHISTÓRIA DE BUDA – Adaptação de manga”, você poderá ler a biografia do Buda Shakyamuni e de que forma a filosofia budista explica sobre a solução definitiva do sofrimento e o propósito da vida.