Esta questão pode ser respondida com outra pergunta: Caso não seja possível conquistar uma felicidade plena, duradoura e absoluta nesta vida, que sentido terá viver?
Em “O banquete”, Platão menciona que todos os seres humanos nascem com um único propósito: a busca da felicidade eterna. Diante da afirmação de que a humanidade inteira partilha o propósito universal de procurar a felicidade duradoura, algumas pessoas podem protestar, alegando que cada indivíduo tem um propósito diferente na vida.
Hoje, a tendência é enfatizar a diversidade e o valor intrínseco de cada indivíduo. Acreditamos que cada pessoa brilha justamente porque é diferente e peculiar. Os objetivos que as pessoas têm em mente são, por exemplo, entrar para a universidade, ter um bom emprego, dominar uma língua estrangeira, vencer uma competição desportiva, ter um relacionamento romântico bem-sucedido, construir uma casa, ficar rico, poder viajar … Mas, na verdade, todas essas buscas são apenas etapas intermediárias a serem concluídas, objetivos imediatos que não representam o verdadeiro propósito da vida.
«Passar no exame» transforma-se em «arranjar um emprego», o que dá lugar à «altura de comprar uma casa». É importante estabelecer a diferença entre objetivos de vida que estão sempre a mudar e um propósito inabalável que explique o motivo por que nasceu.
Quem nunca viveu a realização de um sonho e acabou a experimentar uma dura deceção: «Só isso?» Ironicamente, quanto maior o objetivo e mais árduo o trabalho para o alcançar, maior a deceção: «O que fiz eu todo este tempo? Foi para isso que me sacrifiquei? Não deveria haver algo mais?»
Por mais bem-sucedidos que sejamos na escola ou no trabalho, por mais dinheiro que ganhemos e por melhor que seja a nossa casa, a realização destes objetivos importantes, mas temporários, não consegue proporcionar satisfação de facto no final das contas.
Quando compreendemos o propósito da vida, conquistamos a capacidade de distinguir a felicidade eterna da felicidade passageira, e o propósito verdadeiro da vida dos objetivos e alegrias temporárias. Como a maior parte das filosofias de vida não consegue distinguir entre os objetivos/meios de vida e o propósito maior da vida, não é fácil separar um do outro.
A satisfação de conquistar a maior parte dos objetivos que almejamos dura pouco, em breve perde o brilho e transforma-se em apenas boa lembrança. A felicidade de realizar o propósito da vida é, porém, absolutamente diferente e nunca desaparece.
Neste mundo em que tudo é inconstante e efémero, a felicidade que não perece é justamente o desejo comum de todos nós, o propósito das nossas vidas. A filosofia budista, transmitida há mais de 2600 anos por Shakyamuni, o buda, explica e indica claramente o caminho para a conclusão do propósito da vida, comum a todos os seres humanos: a conquista da felicidade plena, duradoura e absoluta, nesta vida, enquanto estamos vivos, saudáveis e podemos desfrutar de tudo de bom que ela pode nos oferecer.
Saiba mais sobre os temas da filosofia budista no livro “Porque vivemos” e leia também o artigo “Toda ação tem o seu propósito, a nossa vida também!”.
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