No século XIX, na cidade japonesa de Hakata, o templo Mangyo era chefiado pelo monge Shitiri Godjun, conhecido por ser um homem de grande virtude. Certa noite, um ladrão invadiu o templo e ameaçou-o com um punhal: «passe para cá o dinheiro!» Sem perder a calma, o monge fitou o ladrão, que gritou, alarmado: «dê-me o dinheiro, senão mato-o!»
«O dinheiro está no cofre», respondeu o mestre calmamente.
De imediato, o ladrão apoderou-se do cofre e virou-se para sair.
«Espere!»
«O que foi?», perguntou o ladrão, ameaçador.
O mestre disse gentilmente: «na verdade, esse dinheiro pertence a Buda. Vá até ao salão principal e agradeça-lhe antes de se ir embora.»
O ladrão obedeceu docilmente: foi ao salão principal, juntou as mãos diante de Buda e foi-se embora.A virtude do monge fez o ladrão agir com cortesia.
Dias depois, o mestre foi chamado à polícia. Tinham prendido o ladrão.
«Se o senhor foi roubado, devia ter apresentado queixa.»
«Não, não me lembro de ter sido roubado.»
«O senhor pode dizer que não se lembra, mas o ladrão confessou o roubo.»
«Deve ser engano. De facto, certa noite uma pessoa foi ao templo pedir dinheiro. Entreguei o dinheiro e disse-lhe para agradecer a Buda. Não foi um roubo», respondeu alegremente o mestre ao severo interrogatório policial.
Tempos depois, o mestre foi informado de que o ladrão tinha cumprido a sua sentença e seria libertado da prisão. E pensou: «devo ter uma ligação com este homem. Estava justamente a precisar de alguém para cuidar das finanças do templo. Vou contratá-lo.»
O homem ficou tão emocionado que se regenerou completamente e durante o resto da sua vida nunca mais cometeu um único erro.
(Por Kentetsu Takamori, professor de budismo, autor do livro Porque vivemos e Sementes do coração)
Esta e outras histórias inspiradoras para o nosso desenvolvimento como seres humanos fazem parte do livro Sementes do coração.
Leia também a história Quem desdenha o pequeno, perde o grande, contada pelo professor Kentetsu Takamori.