Com certeza é o fim da vida física do corpo. A respiração cessa, o coração para de bater… Mas a vida humana não é constituída apenas da fisiologia do corpo. Ao menos enquanto se vive, faz parte do senso comum pensar no ser humano como uma entidade mental e espiritual também.
O homem tem consciência de si agora, enquanto vive. Existe algo que ele considera o “próprio eu”. Daí vem a pergunta e tudo se centra neste único ponto: “O que vai acontecer com ‘o próprio eu’ depois da morte?”. Essa é a grande questão para todos os seres humanos.
A morte faz as pessoas desviarem os olhos, como se dissessem: “Pensar nela agora não vai mudar nada. Só vou pensar nisso quando chegar a hora. Se ficar pensando em morrer, não vou conseguir viver minha vida!”.
Mas será que não existe outra maneira de lidar com a morte, além da rendição incondicional, da resistência até o fim, da total resignação?
Alguns protestam: “Só saberemos o que acontece depois da morte quando morrermos. Por isso não vale a pena discutir o assunto agora”. Porém, essas mesmas pessoas acham natural se precaver e economizar para a velhice, sem saber realmente se chegarão a viver a terceira idade.
De facto, qualquer um que morra jovem não terá de se preocupar com a velhice, mas, por precaução, adquirem seguros e planos de previdência privada. Ninguém diz: “Você nunca vai saber como é a velhice a não ser quando já estiver velho, então para que se preocupar agora?”. A incoerência de levar a sério a possibilidade de atingir a velhice e, ao mesmo tempo, ignorar e fazer pouco caso da certeza absoluta da morte parece não ocorrer a muitas pessoas.
Enquanto se tem saúde, é possível pensar na morte como “repouso” ou “descanso eterno”, e afirmar que ela não é ameaçadora; mas, diante da morte iminente, tudo o que importa é saber o que existe atrás de sua cortina.
Não se sabe, absolutamente, se existe ou não o mundo após a morte. Este estado de ignorância e ansiedade é chamado, na filosofia budista, de “escuridão da mente” ou “mente escura”. Essa escuridão se refere à ignorância ou à incerteza sobre o que acontecerá depois que morrermos.
Se o futuro está envolto em trevas, o presente escurece. A escuridão do presente se deve à escuridão do futuro. A ansiedade sobre o que existe além da morte é inseparável da ansiedade sobre o aqui e agora. É claro, portanto, que será impossível iluminar o presente sem resolver a escuridão da mente, ou seja, a incerteza do pós-morte.
A filosofia budista, transmitida há mais de 2600 anos por Shakyamuni, o buda, explica que a causa básica do sofrimento humano está exatamente nesta “mente” que desconhece o pós-morte e indica o caminho para a sua solução nesta vida e a felicidade plena e duradoura.
A explicação introdutória e compacta sobre este tema e assuntos relacionados ao nosso desenvolvimento como seres humanos são apresentados no livro Porque vivemos, do Prof. Kentetsu Takamori.
Para aqueles que desejam saber a explicação detalhada e completa sobre a “mente escura”, a causa básica do sofrimento e o caminho para a sua solução, sugerimos a leitura da edição brasileira do livro Porque vivemos.
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