“Não posso condenar ninguém por maiores que sejam seus defeitos, porque eles não são quase nada se forem aos meus comparados”.
Kentetsu Takamori, AUTOR DO LIVRO “PORQUE VIVEMOS”
Essa é a consciência de uma pessoa que conhece claramente a natureza e essência do ser humano, igual e única para todas as pessoas, independentemente de gênero, países, culturas, épocas e momentos.
Há mais de 2600 anos, na Índia, Shakyamuni (Siddhartha Gautama) indicou o caminho para o autoconhecimento, até a total, completa e plena certeza sobre quem somos e por que vivemos.
A filosofia budista tem uma profundidade sem igual, mas também foi explicada por Shakyamuni por meio de muitas fábulas e parábolas. Parábola é uma analogia criada com o objetivo de mostrar e esclarecer um aspeto da realidade. Portanto, sempre será parcial. Mas, por outro lado, é um recurso muito válido para explicar um ponto específico de um todo.
O professor de budismo japonês Kentetsu Takamori, autor do livro “Porque vivemos” (Editora Nascente, 2019), escreveu várias parábolas em forma de contos com essa finalidade. Uma delas, que partilho abaixo, mostra-nos uma pequena parte da consciência sobre a natureza do ser humano ensinada no budismo e sugere uma dica muito valiosa para conseguirmos o almejado equilíbrio, a harmonia, paz e felicidade quotidiana.
Desejamos uma boa leitura, reflexões construtivas e ações proativas para uma vida feliz.
Uma família que vivia sempre em atritos era vizinha de uma família harmoniosa e que construíra um lar tranquilo. O chefe da família briguenta ficava perplexo ao constatar como todos se relacionavam muito bem na casa vizinha.
Finalmente, um dia, ele foi procurar o vizinho e disse consternado: “Como você deve saber, nossa família está sempre brigando e não sei mais o que fazer. Na sua família, vejo que todos convivem em harmonia. Por favor, diga-me qual é o seu segredo”.
O vizinho respondeu: “Não há nada especial. Provavelmente, na sua família, todos estão sempre certos, com a razão. Aqui em casa, todos estamos sempre errados, então nunca discutimos. É só isso”.
Certo de que estava sendo ridicularizado, o visitante estava a ponto de explodir de raiva quando ouviu um alto ruído vindo de dentro da casa. Parecia que algum objeto de cerâmica tinha caído no chão.
Ouviu-se a voz de uma moça, penitente: “Desculpe-me. Não olhei por onde andava e derrubei aquele vaso que era tão importante para a senhora. A culpa é minha. Por favor, me desculpe”.
“Não se preocupe”, disse a sogra. “Não é culpa sua, não. Eu estava sempre pensando em guardar esse vaso, mas acabei não fazendo isso. Eu é que não devia ter deixado o vaso no caminho. Sou eu quem deve pedir desculpas.”
Então, o visitante pensou assim: “Percebi. Toda gente nessa família admite o próprio erro ou falha. Por isso, não há brigas”.
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