Um dia, Aniruddha, um discípulo de buda, dormitou durante a palestra de Shakyamuni. Depois do sermão, Shakyamuni o chamou e falou com toda calma: “Por que quer seguir o caminho de buda?”.
“Quero seguir o caminho de buda para resolver a questão crucial do pós-morte”, Aniruddha respondeu.
“Você nasceu numa família nobre. Embora privilegiado com riqueza material, deixou sua casa porque era muito firme sua determinação de seguir o caminho de buda. Por que então cochilou durante a palestra?”
“Buda, por favor, me perdoe. De agora em diante, não vou dormir nem que meus olhos se inflamem.”
Desse dia em diante, ele avançava noite adentro em prática intensa, sem dormir. E continuou sua prática, até que seus olhos ficaram muito prejudicados. Shakyamuni foi até ele e o advertiu: “Somos como a corda de um instrumento musical. Às vezes, a corda tem de ser esticada, às vezes afrouxada. Esforço demais pode causar danos irreversíveis. Mas, se você relaxa, é dominado pelas paixões mundanas. É importante escolher o caminho do meio”.
O médico também tentou persuadi-lo a ser mais moderado consigo mesmo: “Durma um pouco e seus olhos vão melhorar”.
Mas Aniruddha manteve a palavra, até que finalmente perdeu a visão de ambos os olhos. Ao mesmo tempo, porém, os olhos de seu coração se abriram para a iluminação e ele se tornou um dos dez grandes discípulos do buda Shakyamuni.
Um dia, depois de perder a visão, Aniruddha estava tentando costurar seu manto. Viu-se incapaz de enfiar a linha na agulha. Então perguntou em voz alta: “Alguém aqui quer praticar uma boa ação? Por favor, enfie a linha nesta agulha”.
Uma voz respondeu: “Claro, deixe que eu faço isso”. Quem poderia ser? Era buda Shakyamuni. Quando Aniruddha ouviu sua voz, ficou perplexo e perguntou-lhe, humildemente: “Nobre mestre, o senhor já não realizou toda bondade e virtude?”.
“Mesmo tendo atingido a iluminação de buda, não posso nunca negligenciar uma boa ação, por menor que seja. Neste mundo, ninguém procura a prática do bem mais do que eu.”
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