Quando ainda era um desconhecido, Napier estava a passear quando encontrou uma menina mal vestida sentada à beira do caminho, chorando abraçada a uns pedaços de cerâmica quebrada.
Ele perguntou-lhe, delicadamente, qual era o problema. Ela contou-lhe que era filha única e que seu pai viúvo estava muito doente. Tinha pedido emprestado um jarro do patrão e estava a caminho do mercado para comprar leite quando deixou cair o jarro, que se quebrou. Estava a chorar com receio de ser castigada.
Sentindo pena dela, Napier pegou na carteira, mas, como era um estudioso pobre, a sua carteira estava vazia.
— Volte aqui amanhã, a esta mesma hora — disse à menina. — Eu trago o dinheiro para comprar outro jarro de leite.
Deram um aperto de mãos e ele seguiu o seu caminho.
No dia seguinte, Napier recebeu o recado urgente de um amigo: «Estamos aqui com um homem muito rico, interessado em patrocinar o seu trabalho. Ele vai-se embora esta tarde, por isso, venha imediatamente.» Contudo, para se encontrar com o homem rico teria de faltar à promessa feita à menina. Napier respondeu depressa: «Tenho um com- promisso importante, hoje. Peça desculpas pelo inconveniente, mas tenho de solicitar que ele me receba outro dia.» E assim cumpriu sua promessa.
O possível benfeitor primeiro ficou ofendido, porém, ao saber a razão pela qual o estudioso tinha faltado ao encontro, ficou muito impressionado e passou a ser seu ardoroso patrocinador.
Os carateres japoneses para «lucro» podem ser lidos também como «pessoa confiável».
Por outras palavras, o dinheiro vem para aqueles que merecem confiança. A base da confiança está em manter uma promessa independentemente do quanto nos possa custar.
Promessas que não possam ser cumpridas não devem ser feitas. Quem quebra uma promessa não só cria inconvenientes aos outros, como se prejudica a si mesmo.
Mas e se, mesmo esforçando-nos com todas as forças, falharmos? Isto é perfeitamente possível e humano. Neste caso, o mais importante é ter humildade e honestidade para pedir desculpas com toda a sinceridade pelos transtornos causados.
Não é vergonha alguma ter tal atitude e isto servirá de base para que possamos refletir, termos a força e coragem para investigar a causa de não termos conseguido cumprir a promessa, a fim de não repetirmos o mesmo erro e crescermos como seres humanos.
Quem consegue encarar um erro como uma oportunidade de aperfeiçoamento e desenvolvimento humano é feliz.
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