No topo de uma montanha, havia um palácio a partir do qual se via o Chang Jiang, o grande rio da China. Centenas de barcos subiam e desciam por ele todos os dias. A certa altura, o imperador perguntou ao ministro: «Quantos barcos calcula que passem pelo rio ao longo de um dia?»
«Dois barcos, majestade», respondeu o ministro de imediato.
«Que ridículo! Está cego? Agora mesmo estou a ver dezenas de barcos.»
«Majestade, a impressão é a de que são muitos barcos, mas todos viajam apenas em busca de fama ou de lucro. Por isso, digo que são só dois barcos chamados “Fama” e “Lucro”.»
O imperador ficou muito impressionado com a resposta sábia do ministro.
Dia após dia, a sociedade torna-se mais competitiva. Todos querem ocupar um posto importante, não ser menosprezados, ser sempre o foco das atenções. É cada vez mais veloz a corrida para conquistar credenciais académicas e êxito no trabalho. O desejo de fama e reconhecimento leva as pessoas ao extremo de até falsificar descobertas científicas.
As mulheres fazem de tudo para preservar a juventude e a beleza, investem fortunas em operações plásticas, enfrentam dores, o risco de deformações e mesmo a morte.
Homens e mulheres passam o dia todo preocupados com o que os outros vão pensar, sem um momento de paz, atormentados pelo desejo de fama e reconhecimento.
O nosso amor e apego ao dinheiro não é diferente. As pessoas pulam de alegria ao ganhar uma fortuna inesperada, mas enfurecem-se ao perder dinheiro. Todos perseguem a glória e a fama; todos lutam para ganhar riqueza e posses.
O ministro tinha razão. No rio da vida há apenas dois barcos: «Fama» e «Lucro».
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