O olho humano consegue ver muitas coisas, mas tudo o que está muito longe ou muito perto perde a visibilidade. Como diz o ditado japonês: “o olho não vê a si mesmo, como a espada não corta a si mesma”.
Também somos assim. Conseguimos ver com clareza as pessoas, no entanto, somos absolutamente cegos quando se trata de ver a nós mesmos. Não somos capazes, por exemplo, de ver o próprio rosto.
Por estarmos muito próximos de nós, não conseguimos ver a própria imagem. Por isso, usamos espelhos.
Mas, que tipo de “espelho” usar para enxergar o nosso “eu interior” e conhecer a si mesmo?
Há 2600 anos, Buda Shakyamuni ensinou que existem três tipos de “espelhos” que refletem a nossa imagem. A grande questão é saber qual destes espelhos reflete a imagem fiel, sem distorções, do nosso “eu”.
Um dos espelhos é o das “outras pessoas”. Este espelho reflete a imagem de como as pessoas nos enxergam e nos julgam. A palavras dos outros sobre a nossa pessoa, a maneira como elas nos veem nos preocupa e inquieta.
Os pais, por exemplo, não querem que seus filhos pareçam ridículos aos olhos dos outros. E, assim, as pessoas depositam grande confiança no espelho que reflete a opinião alheia, como uma ferramenta para o autoconhecimento.
O monge zen Ikkyū escreveu estes versos criticando a maneira como oscila o juízo de valores das pessoas:
“ A língua humana hoje elogia, amanhã aponta defeitos;
rir ou chorar, tudo é uma trama de mentiras.”
Consideramos uma “boa pessoa” quando ela nos convém e, quando não, a rotulamos como “má pessoa”. Será que não julgamos as pessoas segundo as nossas conveniências?
Nosso julgamento se altera de acordo com as flutuações do nosso coração. Por isso, pode acontecer de o aliado de ontem se tornar o inimigo de hoje. A explicação completa sobre os “três espelhos” ensinados pela filosofia budista pode ser lida na parte 2 do livro “Porque Vivemos”
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