A resposta é simples. Quando o nosso desejo é impedido de ser satisfeito, imediatamente surge dentro de nós a ira. Nada é mais humano do que ter desejos e ficar irado. É uma situação que toda e qualquer pessoa vive no quotidiano.
O esforço constante para evitar a ira é importante, mas é essencial ter atenção e perseverança para construir uma postura positiva e proativa quando a nossa expetativa não é satisfeita ou nos deparamos com uma situação inconveniente.
Há uma sábia frase budista que diz:
Muito mais do que nos orgulharmos por não cometer erros, devemos ter humildade, honestidade e sabedoria para os corrigir imediatamente.
Neste sentido, como devemos agir quando recebemos críticas?
Muitas das críticas que recebemos são infundadas, é verdade. Mas outras realmente expõem as nossas deficiências e os nossos erros. Ao receber críticas, podemos ficar ofendidos ou considerá-las uma oportunidade para o aprimoramento pessoal. Dependendo da nossa escolha, o futuro pode mudar, e muito.
Um facto histórico do Japão no século XVI, narrado no livro A Bagagem dos Viajantes, de Koichi Kimura, fornece um belo exemplo de paciência e aprendizagem.
Hori Hidemasa (1553–1590) foi um samurai assistente de Oda Nobunaga, governante japonês no período das grandes navegações e dos descobrimentos portugueses. Embora fosse muito experiente, as responsabilidades decorrentes da função colocavam-no à prova.
Em determinada ocasião, alguém escrevera, em letras garrafais, num cartaz que afixara na rua principal do feudo: «Eu acuso Hori Hidemasa de ser um mau governante e denuncio trinta pontos controversos da sua gestão.»
Espantados, os vassalos retiraram imediatamente o cartaz e levaram-no ao seu senhor. «Pedimos que o criminoso seja identificado e que a punição seja severa!», exclamaram, com indignação.
Hidemasa leu o cartaz em silêncio. Quando, por fim, se pronunciou, disse:
«Todas as críticas são bem-vindas. Desde que sou governante que ninguém aponta os meus erros. Esta lista é um verdadeiro tesouro!»
Reverenciou o cartaz por três vezes e guardou-o numa caixa, com muito zelo. Em seguida, reuniu os seus vassalos e analisou os trinta pontos controversos, discutindo-os à exaustão. Por que fora criticado daquela maneira? Qual era a situação real da sua administração? Que melhorias seriam bem recebidas?
As queixas equivocadas foram, com o tempo, devidamente esclarecidas, e as fundamentadas, resolvidas. Os cidadãos passaram a admirar Hidemasa, apelidando-o de «o governante sábio».
Leia mais sobre este assunto no livro Causa e Consequência – Filosofia budista para o dia a dia e nos artigos do blog da ITIMAN.
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