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O que acontece se um caso de cancro de estômago for tratado como úlcera? O dano na saúde desta pessoa será irreparável. Identificar corretamente a causa da doença é a essência para a cura.

Sem um diagnóstico correto, não é possível adotar o tratamento adequado. Obviamente, o sofrimento do paciente não poderá ser eliminado. Da mesma forma, somente quando observamos a realidade de que “viver implica em ter sofrimentos” e identificamos corretamente a causa desse sofrimento é que uma vida de alegria plena será possível. 

Por isso, podemos concluir que o propósito final e supremo da vida de qualquer pessoa é descobrir a verdadeira causa do sofrimento humano, para então, eliminá-la e obter a tão desejada felicidade plena. Saber corretamente sobre a fonte do sofrimento é a questão mais urgente para toda a humanidade. 

Muitas pessoas acreditam que, para eliminar o sofrimento e ser plenamente feliz, é necessário reprimir sentimentos como o desejo, ira, inveja e ciúme. Alguns chegaram até o ponto de pensar que, a menos que o desejo seja arrancado de nós pela raiz, nunca se poderá obter a felicidade, como se fosse possível ao ser humano não sentir qualquer tipo de desejo.

Por outro lado, se passarmos a vida toda tentando satisfazer nossos desejos ilimitados para sermos felizes, viveremos sempre descontentes e condenados a sofrer até o fim. Este é um dilema que todos os seres humanos carregam dentro de si. Por esta razão, sempre existiu e continuará a existir a necessidade de gerir e controlar nossos sentimentos humanos, como o desejo, ira e ignorância. 

A filosofia budista explica que a felicidade plena que buscamos nesta vida não está relacionada a sentimentos como desejo, ira e inveja, chamados de “paixões mundanas” ou “paixões cegas” no budismo. Isto porque jamais poderemos deixar de ter e sentir estas paixões, por uma razão básica: o ser humano é feito de paixões mundanas. 

Shinran, grande expoente do budismo, que viveu no Japão do século XII, expressou esta realidade do ser humano da seguinte maneira:

“Todos nós, seres humanos, transbordamos de paixões mundanas. Cheios de desejo, nossas mentes são caldeirões de raiva e inveja e, até o último instante da vida, essa condição não cessa, não desaparece, não chega ao fim, nem por um momento”.

Shakyamuni, o buda, e o mestre Shinran esclareceram que a felicidade plena pode ser experimentada e vivida nesta vida, sem reduzir ou eliminar nossas insistentes paixões e sentimentos inerentes a todos os seres humanos. Esta verdadeira felicidade é comparanda à luminosidade de um dia nublado: “Debaixo das nuvens e da névoa, tudo é claro e a escuridão inexiste”, afirmou Shinran.

Leia mais sobre este assunto no artigo “Noites com sol – A explicação da filosofia budista sobre a felicidade plena nesta vida”.

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Professor de filosofia budista, cultura japonesa e pensamento nipónico, autor, diretor de conteúdo e presidente da ITIMAN. Diretor internacional da Ichimannendo Publishing Co. Ltd. - Tóquio, Japão.

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