A famosa frase de Hamlet (William Shakespeare) pode ser interpretada a partir de diversos significados. Podemos entender como “existir ou não existir”, “viver ou morrer”, ou seja, um questionamento de alguém com uma vida repleta de sofrimentos que tem a dúvida se será melhor aceitar esta existência com a sua dor inerente ou “abandonar” esta vida.
Uma interpretação mais contemporânea nos diz que “ser ou não ser” refere-se ao questionamento de como devemos “ser ou não ser” nesta vida, isto é, como pensar e agir diante dos acontecimentos para ser feliz, o que saber para ter uma vida plena.
Muitas pessoas pensam que “ser feliz” significa ser libertado do sentimento de egoísmo, de egotismo e de desejo, de modo que nos tornamos indiferentes ou, no mínimo, desapegados à sedução do dinheiro, dos bens materiais e aos diversos prazeres do mundo.
“A felicidade consiste em saber o que é suficiente” ensinou o sábio chinês Lao-tsé (século VI a.C.). Muitos passaram a acreditar que, para ser feliz, é necessário reprimir o desejo; alguns chegaram até o ponto de pensar que, a menos que o desejo seja eliminado pela raiz, nunca se pode obter a felicidade. Mas em seu debate com Sócrates (469-399 a.C.), Cálicles caçoa dessas pessoas, dizendo que, se os mais felizes forem aqueles que não desejam nada, então “as pedras e os mortos seriam os mais felizes de todos”.
Por outro lado, se passarmos a vida toda tentando satisfazer nossos desejos ilimitados, viveremos descontentes e condenados a sofrer até o fim. Nenhuma filosofia de vida, ideologia ou modo de pensar nos mostra uma saída para este eterno dilema.
A filosofia budista indica e explica sobre a existência de uma felicidade que pode ser experimentada por qualquer pessoa, sem a necessidade de reduzir ou eliminar nossas insistentes paixões mundanas como o desejo, a ira e a inveja, pois a genuína felicidade plena que buscamos nesta vida independe dessas paixões e sentimentos, que não deixarão de existir até a morte.
“Ser ou não ser”, embora represente uma pergunta importante, que influencia o nosso modo ou estilo de vida, não é uma questão crucial para a felicidade humana, pois a verdadeira felicidade é aquela que é possível nesta vida para toda e qualquer pessoa, independentemente de como ela seja, viva, pense ou aja.
Esta felicidade é igual para todas as pessoas, mesmo num mundo de diversidade infinita em que vivemos, segundo a filosofia budista. Este assunto é tema e também será explicado no curso online “Diversidade e Igualdade”, dentro da programação da Feira da Diversidade, no dia 28 de novembro de 2020 (sábado).
