Aconteceu há 2500 anos. Confúcio, pensador e filósofo chinês, se dirigia ao reino de Qi quando escutou um choro alto. Imediatemente, ordenou que acelerassem a carruagem. Mais à frente, deparou-se com um homem em prantos. Confúcio desceu do coche e perguntou:
— Qual seu nome? — Qiu Wuzi.
— E por que chora assim, Qiu Wuzi?
— Cometi um erro imperdoável e só fui perceber agora, quando já é tarde.
— E qual foi esse erro, se me permite?
— Desde jovem, sempre gostei de estudar. Por isso, percorri diversas províncias em busca de conhecimento. Certo dia, percebi que o caminho do saber é uma estrada sem fim, então decidi voltar para casa e cuidar dos meus pais, já em idade avançada. Ao chegar, descobri que estavam mortos. Jamais os encontrarei novamente!
A partir deste triste episódio, Confúcio explicou aos discípulos:
— Este é um preceito importante. Não cometam no mesmo erro daquele pobre homem.
Imediatamente, treze discípulos pediram a palavra.
— Estamos apreensivos e desejamos visitar nossos pais. Caso tenha acontecido uma emergência, será irreparável. Gostaríamos da sua permissão — Confúcio assentiu, e partiram apressados.
O arrependimento pela falta de cuidado com os pais é muito comum. O exemplo de Qiu Wuzi é emblemático.
No Japão antigo, um poema também ensina:
Quando decide cuidar dos pais, estes já estão mortos.
É inútil colocar um cobertor sobre uma sepultura.
(Texto de Yutaka Yamazaki, autor, editor-chefe, presidente da Ichimannendo Publishing – Tokyo, Japan e vice-presidente da ITIMAN. No Japão, Yutaka Yamazaki assina seus livros como Koichi Kimura, seu nome artístico.)
Pensar que a vida é longa, que ainda temos muito tempo pela frente, nos faz desperdiçar o tempo. No entanto, a consciência de que ela é de facto curta, nos incentiva a sermos extremamente cuidadosos na escolha do que fazer em cada momento.
No Grande Sutra da Vida Infinita, um dos principais textos da filosofia budista, podemos ler as seguintes palavras: “As pessoas, nesta vida, são superficiais e todos lutam por coisas que não são urgentes”.
Em outras palavras, isto significa: “Completamente concentradas apenas no que está diante dos olhos, com preocupações de bem-estar e alegrias cotidianas, as pessoas não se dão conta das questões essenciais da vida”.
Uma dessas questões é retribuir a infinita gratidão que devemos aos nossos pais o quanto antes, agora, neste presente momento em que tanto eles, como nós somos saudáveis e estamos vivos. Para isso, precisamos obter o mais rápido possível a verdadeira felicidade plena e duradoura e, ao mesmo tempo, proporcionar esta mesma felicidade aos nossos queridos pais, nesta vida.
Esta é a mensagem deixada por Shakyamuni, o buda, há mais de 2600 anos, e que continua a ecoar nos tempos atuais.
Leia também o artigo “O mais importante”.
- E-mail: mauro.nakamura@itiman.eu
- Facebook: Mauro Nakamura
- Instagram: Mauro Nakamura
Natalia Esteves
Último conteúdo gostei muito.