«Acho que vou desistir…» De repente, surge a hesitação. Nesses momentos lembre-se do ensinamento das gotas de chuva. No Japão do período Heian (794 – 1185), vivia um jovem monge chamado Myosen. Em três anos de estudos budistas, ainda não conseguira solucionar a grande questão da vida após a morte. 

— Sou um inútil. Vou desistir — decidiu Myosen, deprimido, comunicando ao mestre que, a partir de então, abandonaria as práticas e voltaria para casa. Como esperado, foi difícil despedir-se dos professores e colegas com quem dividira alegrias e tristezas. O ex-monge deixou o templo aos prantos. 

Instantes depois, desabou uma grande tempestade. Como ela não dava indícios de passar tão depressa, Myosen sentou-se debaixo do portão do templo e esperou. Do telhado caíam incessantes gotas de chuva, que batiam contra as pedras e se desintegravam. 

— Seria aquilo um buraco? 

E não é que a superfície da pedra estava côncava? Quantos anos levaram as gotas de água para abrir um buraco de poucos milímetros? Admirando o facto, Myosen ponderou: 

— É realmente impressionante a água abrir um buraco na pedra. Eu esforcei-me durante apenas três anos, acabei por me fartar e abandonei o monastério. Comparado com a água, devo parecer um preguiçoso indolente. Agora percebo que me esqueci do meu sonho e intento iniciais. Subestimei a grande questão da vida após a morte. Ainda que eu não possua tanta força inata, devo agir com paciência e perseverança, como as gotas da chuva. Assim, tenho a certeza de que conseguirei alcançar a solução dessa grande questão. 

Desperto pelo ensinamento exemplar da força da água, Myosen reergueu-se com nova determinação. Voltou ao templo, pediu sincero perdão ao mestre e reiniciou os estudos com uma dedicação que nunca demonstrara antes. Posteriormente, veio a tornar-se um alto dignitário budista. 

É muito difícil levar a cabo as nossas intenções originais e sonhos. Quanto maior o nosso objetivo, mais íngreme e árduo é o caminho, e numerosos são os sofrimentos. 

Nos momentos em que o nosso coração fraquejar, devemos voltar os olhos com tranquilidade e firmeza para o ponto inicial da jornada: os nossos sonhos. As respostas aparecerão naturalmente. 

Dessa forma, poderemos corrigir o trajeto até à concretização dos nossos objetivos e sonhos. Basta colocar em prática para o comprovar. 

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