Ao compreender corretamente o Princípio da Causalidade (Causa e Consequência), em qualquer pessoa que deseje ser feliz surgirá, de forma natural, o sentimento de parar de praticar o mal e fazer o bem. A partir deste sentimento, o próximo passo será efetivamente colocar o que foi entendido em prática, no nosso quotidiano.
Mas o que temos de fazer, em concreto? Quais as boas ações que podemos praticar?
Plenamente consciente da mente e da natureza do ser humano, Buda Shakyamuni sintetizou as inúmeras boas ações ensinadas em apenas seis, de forma a que todos possam praticá-las de imediato, em qualquer lugar, todos os dias.
Generosidade é sinónimo de dar ou oferecer. Por outras palavras, ser generoso é ser gentil e bondoso com as pessoas. Podemos ser generosos ajudando as pessoas mais necessitadas com doações de alimento, roupas e dinheiro.
Mas a doação de bens materiais não é a única maneira de praticar a boa ação da doação ou generosidade.
Mesmo quem não possui recursos financeiros ou bens materiais pode doar e ser generoso com as pessoas, pois o valor da doação não depende da quantidade e sim do senti- mento com que se faz a doação.
A história de uma jovem muito pobre chamada Nanda demonstra esta verdade.
Tudo começou quando Nanda foi ouvir uma palestra do Buda Shakyamuni. O local estava iluminado com os lampiões que as pessoas tinham trazido de toda a cidade como oferenda.
Emocionada, Nanda pensou: «Quem me dera poder oferecer um lampião também…» Apesar de as suas intenções serem puras, o querosene de lampião era caro e ela não o podia comprar. Mesmo assim, não desistiu e foi à loja que vendia querosene para lampiões.
Ao receber a moeda que Nanda lhe entregara, o vendedor perguntou:
— Quer comprar querosene para um único lampião? Mas esta moeda não dá para comprar nada!
— Por favor, dê-me alguma coisa! — implorou Nanda.
— Por que tanto deseja o querosene para um único lampião?
Então, Nanda contou-lhe que assistira a uma palestra do Buda Shakyamuni num local iluminado por vários lampiões e queria poder oferecer-lhe um, também.
— Se for com essa intenção, posso fazer um desconto especial — disse o vendedor, sensibilizado com o sentimento de Nanda.
— Ah, muito obrigada! — disse Nanda. Toda sorridente, recebeu o querosene para o seu lampião.
Na palestra seguinte de Buda Shakyamuni, dentre as centenas de lampiões do local, o lampião de Nanda era o que mais brilhava. Era um pequeno lampião, mas era o melhor que Nanda podia oferecer.
Os lampiões arderam a noite toda, mas de manhã estavam apagados. Só o de Nanda continuava aceso. Maudgalyayana, um discípulo de Buda, tentou extingui-lo, mas não conseguiu e foi consultar o mestre:
— Mestre, o que será que quer dizer isto?
— Mesmo que despeje a água de todos os oceanos, não há como apagar este lampião, porque foi uma doação sincera de uma mulher muito humilde chamada Nanda. Apesar da sua pobreza, ela ofereceu o melhor que tinha.
Um lampião de uma pessoa pobre brilha mais que dez mil lampiões de um milionário. O mérito de doar não depende da quantidade, mas do sentimento sincero e da intenção autêntica que vem do nosso coração.
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