Esta é uma dúvida que muitos de nós podemos ter ao longo da vida e podemos até chegar a duvidar se agir corretamente é a melhor atitude a tomar.
Um episódio da história da era medieval japonesa ajuda-nos a refletir sobre esta questão muito importante para a formação e o nosso desenvolvimento como seres humanos.
Um samurai estava a viajar. Como seu subordinado ficara para trás, ele fez uma pausa e esperou. Por fim, o subordinado veio correndo, sem fôlego.
“O que estava fazendo?”, perguntou o samurai.
“Minha sandália de palha arrebentou e eu estava a consertar”.
“Quem lhe deu a palha?”
“Ninguém. Peguei de uns pés de arroz que estavam a secar na beira da estrada.”
“Pediu permissão?”
“Não”, disse o suberdinado. “Ninguém vai se importar para dois ou três caules de palha de arroz. E toda a gente faz isso o tempo todo”.
“Não admito essa atitude. Toda a gente pode permitir isso, mas eu não. Volte e peça permissão ao proprietário”, disse o samurai.
O samurai sabia que essas duas desculpas – “toda a gente faz” e “é tão pouco que não faz diferença” – estão sempre na boca do demônio.
Diante de determinadas situações, podemos pensar: não seria melhor “dançar conforme a música” e deixar de ser o “certinho e bonzinho” e ser mais “flexível e esperto”? Afinal de contas, “toda a gente faz” e, “é tão pouco que não faz diferença”.
Pensamentos e argumentos deste tipo estão muito mais presentes em nosso quotidiano do que imaginamos. E não se relacionam apenas ao dinheiro ou bens materiais.
Ao estacionar o carro num local proibido por falta de tempo ou utilizar o comboio sem validar adequadamente o título de transporte, mesmo sabendo que isso não está correto, fazemos com base nessas justificativas.
Mas será que realmente “é tão pouco que não faz diferença”? E, se “toda a gente faz”, mesmo algo incorreto passará a ser correto? São indagações que precisamos fazer a nós mesmos, antes de apontar o dedo às pessoas.
Há um provérbio japonês que diz: “Ao ver apenas uma parte, podemos deduzir o todo”. Isso significa que ao ver uma ação ou atitude, podemos inferir como é a postura e o caráter de uma pessoa. Ou ainda, que a nossa personalidade está sendo constantemente construída a cada ação que praticamos, por menor que ela seja.
Não podemos menosprezar a força que cada ação praticada exerce sobre a nossa vida cotidiana, pois como até a Ciência já comprovou, para toda ação sempre existirá uma consequência. Isso não se aplica apenas à Física, mas a todas as esferas da nossa vida, tanto no âmbito profissional como no pessoal, familiar e social.
Todos nós cometemos erros; e não poderia ser diferente. Afinal, somos humanos. Mas precisamos de ter a sabedoria e a humildade de sempre nos esforçar ao máximo para plantar boas sementes, pois só assim colheremos bons frutos.
Isto é explicado pelo Princípio da Causalidade (Causa e Consequência), base da filosofia budista e de uma vida feliz.
Saiba mais sobre este assunto no livro “CAUSA E CONSEQUÊNCIA – Filosofia budista para o dia a dia”, de Mauro M. Nakamura, publicado em Portugal pela Farol, uma chancela da Penguin Livros, Penguin Lifestyle.