A expectativa de vida humana aumentou muito nos últimos 100 anos, mas infelizmente, vida mais longa não é garantia de felicidade. Algumas pessoas trabalham duramente a vida inteira, economizam o quanto podem, planeiam viajar e comprar uma casa, roupas bonitas e ter melhores condições de vida, no entanto, ficam doentes e acamadas.
Outros, pensam no prazer de se deliciar com uma boa comida todos os dias e fazer tudo aquilo que gostam depois de se aposentarem, mas acabam sofrendo de diabetes e são forçadas a uma dieta restrita. Por fim, essas pessoas terminam a vida com lágrimas de dor e arrependimento, sem saber se valeu a pena ter vivido.
Pode parecer pessimismo, mas esta é a mais pura realidade humana quando observamos com maior atenção e sinceridade as pessoas com quem nos relacionamos e a nossa própria vida.
A questão aqui não é ser ou não ser pessimista ou negativista, mas, querer ou não enxergar a vida de maneira real, honesta, corajosa e sem distorções. Quem ainda não concorda com esta visão e acha que isto é viver de maneira equivocada e negativa, certamente ainda vivenciará momentos que a fará mudar de opinião, mesmo que isto ocorra apenas no momento derradeiro.
No entanto, de forma alguma nascemos para sofrer; não é para isto que vivemos. O desejo mais íntimo e supremo de todos os seres humanos é livrar-se do sofrimento e obter a felicidade plena nesta vida, o mais rápido possível.
Por isso, quanto antes as pessoas compreenderem que tudo na vida é impermanente e que a qualquer momento podemos perder a felicidade que temos hoje, mais tempo terão para buscaer e conquistar, nesta vida, a verdadeira e duradoura felicidade.
Há 2600 anos, Buda Shakymuni explicou que viver implica em ter sofrimentos, mas também indicou um caminho para a sua completa solução, ainda nesta vida, obviamente. Se a realidade de termos sofrimentos na vida fosse irreversível, significaria que nascemos apenas para experimentar e suportar a dor, o que não faria o menor sentido. Afinal, nascemos e estamos vivendo para sermos felizes; tudo o que fazemos, todos os dias, tem este único objetivo e propósito.
Prolongar a vida é bom, mas surge a questão: “O que as pessoas farão com o tempo extra de vida que ganharam?”. A finalidade de sofrer para combater uma doença tem de ser não apenas a vida em si, mas a felicidade nesta vida. Um tratamento que apenas prolonga o sofrimento não faz sentido.
A sociedade é um coro de vozes que nos estimula a viver e perseverar. No entanto, são pouquíssimas as pessoas que pensam e se questionam: por que, sendo a vida cheia de sofrimentos, devemos continuar a vivê-la?
Se não conseguimos responder esta pergunta com clareza e certeza, isto significa que estamos apenas “vivendo por viver”. Viver dessa maneira pode ser comparado a um avião que “voa por voar”. Num trajeto aéreo, as decisões sobre velocidade e altitude, alterações de rota devidas ao vento ou à pressão do ar, resolução de problemas mecânicos, tudo isso são escolhas que afetam o “modo” de voar. Antes de tomar qualquer decisão, o importante é saber precisamente a direção, ou seja, “para onde” voar. Nenhum piloto descolaria sem antes determinar seu destino, pois ele sabe que voar por voar acarretaria uma grande tragédia – a queda e a morte.
Da mesma forma, se estamos vivendo apenas porque um dia nascemos, em modo de “piloto automático”, sem um propósito claro que forneça satisfação plena e felicidade duradoura, a vida não se reduziria a sofrimento apenas?
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